Como está ?
Nós, os portugueses, somos um povo muita porreiro porque está sempre tudo bem connosco até aos 35 anos e tudo mal depois disso. É como se naquele dia do aniversário uma pessoa passasse de repente a saber o que são coisas como dores nas costas, impotência ou a gota. Além disso as mulheres começam também a deixar crescer o buço por essa altura.
O problema depois dos 35 é quando perguntamos como estão, quando os encontramos ocasionalmente. Não sei se as pessoas não percebem mas quando um gajo pergunta como está não está realmente à espera que a pessoa responda sinceramente. Podemos incorrer em situações como esta:
Eu: Bom dia, como está?
Velha com mais de 35 anos: Bom dia, nada bem!
Eu: (Imito o smiley que é assim :| e fico na espectativa)
Velha com mais de 35 anos: Com a mudança do tempo vem-me logo a dor nos ossos.
Eu: Pois, o tempo é lixado …
Velha com mais de 35 anos: Como que me ataca os broncos!
Eu: Ya.
Velha com mais de 35 anos: Mas o meu filho está muito bem na universidade. Vai ser doutor. Talvez vá para político que os que lá estão não fazem nada …
Eu: (Interrompo) Desculpe, eu não queria mesmo saber como está. Estava só a ser simpático. Bom dia e adeus.
Velha com mais de 35 anos: Malcriadão…
Além da palavra malcriadão ter pouco ou nenhum estilo, esta uma conversa que penso que quase todos tivemos com a diferença que não temos normalmente a coragem de dizer que realmente não queríamos saber nada daquilo. Todos temos a vizinha cusca e chata. A típica “puta da velha”.
Temos também o lado oposto. Quando encontramos uma pessoa mais próxima e perguntamos como vão as coisas e não respondem devidamente. Isto vendo bem é uma confusão, cada um tem que interpretar os sinais para saber se o outro está mesmo a perguntar ou só a perguntar. É como a conversa de interpretar os sinais das mulheres. Podia sair algo assim:
Eu: Bom dia, como estás?
Colega de longa data: Está tudo bem.
Eu: Mas estás com um penso no olho. Que aconteceu?
Colega de longa data: Nada, tive um acidente.
Eu: A sério? Que tipo de acidente?
Colega de longa data: Pá, daqueles que doem. Eu disse que está tudo bem. Bom dia e adeus.
Eu: Malcriado…
Este caso também é complicado mas ao menos não é usada a palavra malcriadão.
Para resolver este caso é necessário adicionar o factor entusiasmo à coisa. Se a pergunta for feita com vivacidade facilmente será compreendido que é a sério e quer saber. Senão é responder um tudo bem que vão rapidamente às vidas.
Portanto, se me virem na rua, observem bem como vos cumprimento. Para não terem de me chamar malcriadão. Ou algo pior, como patife. Ou burguês.