Blogo que nem um doido!

21.11.05

O poder do tempo

O programa mais chato e que mais tempo durou na televisão portuguesa - não contanto com o TV Rural e o 70x7 - é o programa da meteorologia.

Sabe-se lá porquê, quanto mais velha é a pessoa, maior fascínio este espaço televisivo exerce sobre a mesma. Uma das memórias recorrentes da minha infância é a do meu avô a assistir ao telejornal de forma completamente desinteressada, só para no fim poder ver "o tempo". Quantas vezes não se estava a ver outro canal e lá vinha a minha avó dizer que tínhamos de mudar de canal.
"Mas porquê vó?", "Porque o avô quer ver o tempo", "Ah, se é isso então está bem!".

Aliás, toda a vida dos meus avós, o exemplo que uso para estereotipar os velhotes na questão meteorológica, está marcada pelo tempo. O homem do tempo sempre foi muito querido e "gostam muito do trabalho dele". Têm diversos objectos decorativos alusivos ao tempo como o termómetro na varanda.

No entanto, o ponto alto meteorológico lá em casa é um galo que têm cima da televisão. Quando o tempo vai estar frio, o galo fica azulado; quando vai estar quente, o galo fica cor-de-rosinha. É só isso que ele faz: muda de cor para não se esquecerem do que já ouviram o senhor do tempo dizer na tv.

O caso transforma-se num problema quando o estado do tempo passa a acontecimento. Quantas vezes não me ligam a avisar que vai estar uma ventania "alto lá com ele" ou para me relembrarem para levar o kispo. Além de não saber escrever kispo, tenho 25 anos e seria embaraçoso usar um. Já basta a tanga de leopardo que me deram no último natal.

Penso que o programa do tempo ficava bem mais giro com o meu avô a apresentar. Ele não ouve assim muito bem mas daquilo percebe ele. Penso que ia ser um sucesso.
Se alguém da tv está a ler chegue-se à frente, o meu avô Laffayette agradece!